sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Inútil poesia

A poesia anda perdida pelas ruas
Procurando quem a abrigue.
Anda desconsolada
Pelas mentes complexas,
Avessas à súplica,
Ao braço que se estende.

É mais um moribundo
Que toca seu violão,
Dividindo espaço entre as pessoas
E as paredes de concreto.

A poesia sorri aos transeuntes
Mas eles a negam,
Alegando sua inutilidade.
Do que lhes serviria as palavras afinal?

Uns decretaram o fim desse lirismo besta,
Presos em suas regras de pretensa liberdade,
Separam corações de mentes.

Em cada esquina, um miserável
Em cada mente, um deus
Em alguns olhos, o viver.

A poesia sentou-se à sarjeta
Escreveu seus dizeres no asfalto
Pediu a Deus clemência
E comprometeu-se com os inúteis
Estes sim, os últimos a andarem descalços
Pelo chão.

12/08