sábado, 25 de outubro de 2008

A valsa dos desesperados

Agora é essa música lenta,
O relógio passando...
Eu escrevo errado,
Vou tentando, tentando,
Errando, errado.
Os ciclos,
O vento,
As folhas que caem
No meu pensamento,
A fumaça que vai se formando,
Imagem turva do amor silêncio.
Essa impressão eterna
Da voz altiva
Agora distante.
Teu semblante vivo
Que eu sei, é triste.
E meu coração agora
Te escreve uns versos mudos,
Pálidos,
Pois és assim
Na composição de minha mente.
És um pórtico partido,
Um espelho quebrado,
Que insiste em embaralhar-me.
Ofereço-te agora uma melodia,
Incompleta, vazia, cíclica,
Que toca seus ouvidos como uma lágrima.
E agora são gritos tudo aquilo que dizes.
E essa valsa o teu feliz encontro,
Teu par,
Um manequim cadavérico,
Gélido a te guiar pelo salão antigo
De vazios
E fantasmagóricas lembranças
Abandonadas pelo tempo.

10/08

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Quadro

Todas as esperanças,
Folhas desprendidas no mar;
Toda a segurança,
Uma aposta em um jogo de bar.

O que te disseram que te fez sonhar?

Não existe essa tal de solidez.
Minto, mas grito alto esse pesar.
E quanto pesa o terror da pena sob o ar.

Leve,
Está nas mãos do vento,
Esse incerto movimentar;
Quanto já oscilou?

Quem pode dizer quanto tempo passou
Desde a manhã perdida em teu olhar?
Dias acompanhando o vento.

Quem te disse as maiores verdades?
Foi aquele que era grande
E hoje padece?

As horas carecem dos minutos,
Os minutos carecem dos segundos.

A verdade é essa criança
Que brinca com facas
E faz retalhos do pensar.

Quem te fez assim?

09/08

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Aos dias, o meu sorriso.

Revendo páginas antigas,
Encontro algumas que já nem me lembrava mais.
Umas nem estão inteiras,
Enquanto outras são impossíveis de esquecer.
Todas falam algo.
Um sentimento,
Uma dor,
Um momento, uma saudade.
Encontrei até um poema sobre a lua e um par de olhos!

Devo dizer que me dói alguns escritos.
Aqueles que me acompanharam fielmente
Por momentos únicos.

Esses me lembram da beleza da saudade,
Do quão sincero é sofrer por ventos passados.
Sinto agora uma vontade de dizer que tudo foi lindo ao seu tempo.
Agora, só resta a memória.

Difícil dizer sobre o presente,
Sobre o futuro.
Talvez o agora será feito de páginas amareladas pelo tempo.

Sempre haverá algumas linhas de despedida,
Se serão belas, perfeitas,
Não sei.
Sei que serão sinceras.

Sei que hoje é a novidade.
E aos de outrora,
Resta o meu mais sincero "Até logo",
(talvez com lágrimas nos olhos)
E aos de agora,
Eu dedico os versos que hão de vir.

10/08

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Olhando os jardins

A maior loucura,
É a nossa mais pura realidade.
Olhar a chuva
E pensar que é grande tempestade.
Ver o amor de longe,
E pensar que é de graça
Essa inexplicável felicidade.

10/08

domingo, 5 de outubro de 2008

...E que venham os dias

Hoje o mar é revolto,
Bravio
E o vento bate forte.

Meu barco de papel
Resiste com audácia,
Corta as ondas
E não se rende facilmente.

Mas é no ápice dessa resistência
Que eu fecho os olhos,
Abro os braços
E, sem pestanejar,
Me atiro ao mar.

Que as ondas e a maré me levem.

Meu barco, feito com muitíssimo zelo,
Composto da mais bela ambição,
Do mais inocente orgulho,
Se desfaz num único instante.

Agora sou feito da água,
Filho do vento e da terra.

Perco tudo e perco nada
Ganho tudo aquilo
Que os anos e a mente
Me fizeram perder.

10/08