quarta-feira, 23 de julho de 2008

Verdade

Confesso ter errado, confesso ter mentido tantas vezes, e de maneira tão descarada que já não me reconhecia mais. Confesso que, por várias vezes, confundi meus valores, já não sabia diferenciar o certo e o errado. Confesso que já não tive valores. Confesso que deixei de amar ás vezes, porém, confesso que também amei. Amei e também já fui amado. Confesso que não dei a atenção devida quando precisava. Confesso que, por muitas vezes, não supri o que crescia em você, pois simplesmente não podia. Confesso que fracassei e continuo fracassando miseravelmente, dia após dia, em sucessivas tentativas, das mais variadas naturezas. Confesso que errei. Errei e convivo com as consequencias até hoje. Confesso, confesso, confesso. Confesso ter sido vão! Confesso ter tido esperanças tão frágeis como meus gritos de raiva, teimando entre o ódio, a dor e a insegurança. Confesso que sofri. Padeci da doença e também da prisão de mim mesmo. Confesso que, por muitos dias tive vontade de desistir, chorar por dias a fio, tentando encontrar uma solução. Confesso ter achado que não havia solução, que estava fadado a dor, a lamentação, por toda a vida um complexo claustrofóbico, um ciclo louco, insano que levaria minha vida a cabo.
Confesso ter traumas e confesso ter traumatizado. Confesso que tive medo. Confesso que tive medo do que a poesia podia me falar, confesso que já vivi as verdades mais passageiras. Confesso que já perdi amigos e confesso que já me despedi de alguns sem ao menos dizer adeus. Confesso que já decepcionei a mim e a você.

Confesso, porém, que hoje, apesar das nuvens no céu não me dizerem a verdade, as manhãs são mais claras, as noites têm mais estrelas e ao deitar logo pego no sono. Confesso que muitas coisas tem feito sentido agora. Confesso que outras ainda não fazem. Apesar disso, confesso que tenho acordado com novo ânimo. Confesso que tenho voltado a olhar o mundo sob outros olhos. Confesso que sorrio menos, porém sorrio com muito mais verdade do que outrora. Confesso ter olhado o mendigo e visto um ser humano.Confesso que o mendigo é mais humano que eu. Confesso ter mudado meu modo de olhar e de agir. Confesso ter amado. Confesso você e confesso eu.
Confesso,confesso e confesso. Assim, sem mais nem menos. Só pra ser sincero, ao menos comigo.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Fumaça na paisagem

Quem dera
Eu tornasse a ouvir aquele som.
Aquela melodia,
O assoviar do mistério;
Indescritível harmonia
Que me levou ao relento;
Dia após dia
Tirava-me lágrimas,
Lágrimas de alegria.
Andava sob compassos graciosos,
Leves como uma pluma no ar.
Dizia-me palavras de graça,
Palavras que levavam-me
Ao profundo sentido humano,
À origem.
Quem dera abrir os olhos
E ver como a criança vê um jardim,
Começar de novo.
Queria deitar
E ver o horizonte,
Sem saber ao certo
Onde termina a terra,
E onde começa o céu.
Conversa eterna,
Com o mistério da vida,
Falando coisas bobas,
Dizendo sobre dores,
Alegrias e até amores.

Perguntaram-me se Deus,
No finalzinho da tarde,
Vinha trocar algumas palavras.
Silenciei.

07/08

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Alegria

Distraído,
Descobri que toda a minha existência,
É uma volta pra casa.
É sentir a brisa da noite,
Fechar os olhos por um instante
E então perguntar pra lua,
Qual é o segredo da vida,
Qual é o sentido da minha existência,
Todas as questões de metafísica,
Todas aquelas além da minha compreensão.
Então, no dia seguinte,
Acordo ainda mais estarrecido com todo o meu viver,
Com o meu sonhar e sentir.
Passo a experimentar e a viver minhas questões
Com ainda maior assombro,
Passo a me relacionar com elas.
Chega a noite e eu me ponho a questioná-las novamente
E as vivo com maior intensidade.
Tudo,
Uma eterna submissão, caminhada.
Um eterno aprendizado, diálogo.
Um eterno retorno ao lar.

07/08

domingo, 6 de julho de 2008

Transcende
Criatura informe,
Arranca essa tua máscara,
Tira isso que encobre as tuas cicatrizes.
Transcende,
Rompe com a tua dependência,
Mostra ao mundo,
Grita,
Reclama o que é teu.
Transcende,
Vive,
Dá luz a um novo destino.
Cria,
Caminha a estrada sem fim.
Transcende,
Esquece a dor da travessia,
Olha lá na frente,
Que a chuva já vem
E não pergunta se é cedo ou se é tarde.
Transcende alma minha.
Obedece a mente,
Esquece um pouco o coração
E torna-te grande
Na pequenez da razão.
Transcende,
Pois há crianças na rua,
Há sorrisos no rostos,
Ainda há sensibilidade,
Ainda há paixão.
Nas areias da praia
Ainda há conchas no chão.

01/07/08