segunda-feira, 14 de setembro de 2009

[O rei está nu...]

O rei está nu,
Meus caros.
E o reino está abandonado,
Entregue ao acaso.

Dizem que anda pelas ruas
Nas madrugadas frias de Setembro;
Não há som ou voz conhecida,
Vaga pela boemia
Como que buscando expiar seu próprio pudor.

O rei está nu,
Meus caros.
Entregue à sua própria tragédia
Transfigurada em prazer.

Está fora de si,
Vê imagens e figuras nas paredes,
Ouve vozes nas noites insanas,
Entre risos e gritos.

O rei abriu mão de seu trono
E não há quem governe seu reino.
Abriu mão de seu martírio,
Entregou-se ao riso
Para não sucumbir ao pranto.

Encontraram-no em terras inférteis.
Dizia que ali fora feito homem,
Sangue de afeto,
Semblante endurecido.
Reclamava a terra como parte de seu corpo.

O rei está nu,
Meu caros.
E o reino está nas mãos de nossos invasores.

09/09